O governador Roberto Requião está de viagem marcada para o Exterior. Outra viagem. Agora, para o Japão e Emirados Árabes (Dubai). Embarca sábado, comitiva substanciosa, que ele gosta de ter muita gente ao seu redor. Gente amiga, cordata, boa de palmas, pródiga em rapapés. Alguém (parece que o Giba Um) andou escrevendo que ele é o governador recordista em carimbar passaporte. Entre os brasileiros, deve perder só para o presidente Lula. Porque não tem um Aerolula. No duro, Requião está abusando. Mesmo que fizesse as viagens com dinheiro do próprio bolso, passou da conta. Tempos atrás, até faltou vice para assumir o Palácio Iguaçu. Tiveram que convocar o presidente do Tribunal de Justiça. Não ouso dizer que se trata de uma imoralidade. Mas é uma tremenda falta de austeridade no trato do dinheiro público. Uma viagem dessa custa uma fortuna ao erário. São passagens, diárias de viagem em dólar. Em dólar forte. Ainda bem que o vice, substituto de direito, é um político de primeira linha, ninguém chega a sentir falta do titular. Mas o governador tem compromisso moral com a sociedade que o elegeu. Mesmo que por uma diferença de apenas dez mil votos. Não pode se licenciar tanto, sair tão seguidamente do País. Nunca vi coisa igual nos últimos cinqüenta anos. Acompanho, com antenas de repórter, a vida pública do nosso Estado desde o primeiro dia do primeiro governo de Ney Braga. Era o início da década de 60 e só me lembro de uma viagem do “major” ao Exterior. Ele foi aos Estados Unidos, a convite do governo de lá, para tratar de assuntos do programa Aliança para o Progresso e trazer dólares para a conclusão da Rodovia do Café. E não levou dona Nice, a primeira dama. Paulo Pimentel nunca saiu do País durante seu longo governo (mais de cinco anos). E foi governador jovem, começou com 36 anos de idade, esbanjando vitalidade. Mas não saiu daqui. Seu vice, Plínio Franco Ferreira da Costa, não assumiu o Palácio Iguaçu sequer por um único dia. Os demais governantes mantiveram a sobriedade (isso mesmo, sobriedade!). Viagens ao Exterior eram acontecimentos importantes, manchetes de primeira página dos jornais. Na volta, prestação de contas, relatório detalhado dos resultados obtidos. Hoje, o governador viaja “para tratar de assuntos de interesse do Paraná”. E volta dizendo que “tratou de assuntos de interesse do Paraná”. Mesmo quando dá um pulinho até Buenos Aires, que o vinho argentino é bom e as noitadas de tango recarregam baterias. Emirados Árabes e Japão. Já perguntaram: o que há para se tratar naqueles distantes países do Oriente que uma mensagem pela internet não resolva? Vender combustível extraído do xisto de São Mateus do Sul aos árabes? Carros da Nissan aos japoneses? É, a coisa está feia. (Mussa José Assis DR 21/10/08)