“A ordem é botar o bloco na rua. Vamos promover encontros regionais e estaduais com os governadores e prefeitos”, avisou ontem, em Brasília, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador nacional da campanha de José Serra (PSDB) à Presidência da República, ao acrescentar que o objetivo é fortalecer a campanha e engajar ao máximos as lideranças regionais neste segundo turno. Ele deixou claro que, agora, a orientação é explorar as contradições da candidata do PT, Dilma Rousseff, de forma “dura, mas com o cuidado de não torná-la vítima”. Para isso, serão adotadas duas frentes de atuação durante a campanha, que começa imediatamente: promover uma “sintonia fina” nos programas de rádio e TV – inclusive com inserções – para adequá-los à realidade do segundo turno e “colocar o bloco na rua”, nos estados, com o envolvimento em tempo integral dos aliados em favor do candidato tucano. E há outro fator favorável a Serra, na avaliação do coordenador: “Desta vez não tem o fantasma de Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] na nossa frente.” Ele se referiu às eleições passadas de 2006 e 2002, quando o PSDB disputou segundo turno com o presidente. “Lula intimidava todo mundo, agora não intimida mais ninguém”, assegurou. O líder do DEM no Senado, Antônio Carlos Júnior (BA), explicou que a ideia é ignorar o presidente Lula e focar a campanha na candidata Dilma Rousseff. “Vamos para o confronto direto, esquecer o Lula, e bater de frente com ela”, prometeu. Para o senador baiano, tanto nos estados quanto nos programas de rádio e TV terão que ser exploradas contradições da candidata do PT como declarações feitas sobre o aborto. “Existe a declaração dela favorável ao aborto anos atrás publicada em uma revista e agora ela adota esse discurso de que é favorável à vida quando perguntada sobre o assunto? Isso tem que ser mostrado para a população”, reforçou o senador do DEM. Outro ponto que poderá ser explorado é uma declaração pública que Dilma, então ministra-chefe da Casa Civil, teria feito poucos dias depois do pedido de demissão do Ministério do Meio Ambiente, da candidata pelo PV à Presidência, no primeiro turno, Marina Silva. Segundo o líder do DEM, na ocasião, Dilma teria dito que Marina foi demitida porque não representava o projeto de desenvolvimento do governo Lula. O senador destacou que a estratégia de Serra para o segundo turno começou, ontem, em Brasília, a partir do encontro que manteve com governadores, senadores e deputados eleitos pela sua coligação O Brasil pode mais.