Do lado de cá de quem não é habitué das minúcias diplomáticas, fica difícil entender a política externa do presidente Lula. Há menos de dois meses, ele foi até o Irã para mediar um acordo nuclear para distender as relações daquele país com o Ocidente. E agora diz que não vai mexer um dedo para salvar uma mulher acusada de adultério de morrer por apedrejamento. E ainda justifica: “não deve se meter nas questões internas de nenhum país”.
A Internet faz uma campanha para que o presidente Lula ao menos telefone para seu amigo do Irã, o presidente Ahmadinejad, tipo assim, para perguntar se tudo vai bem por lá. Pelo jeito, nem isso.
Se a iraniana Sakineh morrer apedrejada será a segunda morte que o presidente Lula, de sabida vocação humanista, vai levar nas costas. A primeira foi do dissidente cubano Orlando Zapata que morreu depois de uma greve de fome de 83 dias em protesto contra o governo de Fidel e Raul Castro.
Detalhe: Zapata morreu exatamente no dia em que Lula chegava a Cuba para uma visita de simpatia quase amor pelos irmãos Castro. E nesse caso também não moveu uma palha por Zapata. Ao contrário, comparou os presos que fazem greve de fome aos bandidos do Comando Vermelho do Brasil.
É por essas e outras que o presidente Lula jamais será secretário da ONU, um dos cargos que poderia ocupar depois de deixar o cargo.
Tem talento pra mediador, tem cacife internacional para tanto, história e sabedoria. Mas, só pra contrariar, tem como assessor para assuntos internacionais aquele sujeito chamado Marco Aurélio Garcia. É, aquele mesmo que, logo depois que o avião da TAM ardeu em chamas na cidade de São Paulo, foi fotografado fazendo o gesto de top, top dentro do palácio Alvorada. O gesto não se referia às vítimas, óbvio, mas ao fato que o governo Lula fora isento de culpa pelo acidente.(Ruth Bolognese)