Quando se pensa que o assunto “alianças” às eleições de outubro deste ano estava resolvido, vem alguém, desfaz e desdiz tudo o que foi feito e o que foi falado. Na disputa pelos holofotes das televisões, das centimetragens de jornais, revistas e espaços em sites, blogs e preciosos minutos em rádios, o que fala mais alto, parece, é a vaidade do político paranaense. E o culpado disso tudo é o presidente Lula, que antecipou a discussão eleitoral para dar viabilidade à sua candidata Dilma Rousseff. Por isso, tudo o que iria se decidir, em julho, acabou sendo antecipado e, agora, em maio, querem definir alianças como se as eleições fossem no mês que vem. A princípio, ainda no ano passado, falava-se em manter a grande aliança – PSDB, PDT, DEM e PPS – firmada em 2006, em torno da candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao Governo do Paraná, quando ele perdeu por míseros 10 mil votos para o governador Roberto Requião (PMDB). O grupo manteve-se intacto nas eleições municipais de 2008, quando Beto Richa (PSDB) se reelegeu à Prefeitura de Curitiba. No começo deste ano, com o anúncio da candidatura do tucano para concorrer com Osmar Dias ao Governo do Estado, foi uma correria só. Cada partido, de repente, anuncia um candidato ao Palácio das Araucárias.
Dias desses, outra lufada de informação dava conta que a grande aliança continuaria com Beto Richa candidato ao governador, Osmar Dias e Ricardo Barros ao Senado e o deputado estadual Augustinho Zucchi (PDT) como candidato a vice de Richa. Hoje, nada mais disso vale e voltou tudo à estaca zero. O que se dava por certo, agora é duvidoso e o que deixava dúvidas, agora é certeza. E, no entremeio de tudo isso, salpica-se muita fofoca, oportunismo e algum tiroteio via twitter. Na quarta-feira (12), o secretário-geral do PMDB, João Arruda, acusou a cúpula do partido de queimar a aproximação com o senador Osmar Dias. Em troca recebeu alfinetadas do governador Orlando Pessuti e do tio, o ex-governador Roberto Requião. Os peemedebistas classificaram as declarações de Arruda de “infelizes”. Pessuti nega que tenha “esnobado” o senador e garante que o PMDB está de braços abertos para se aliar com o PDT. Em entrevista à rádio CBN, o governador afirmou que “o Arruda fez uma declaração infeliz. Nunca houve isso. Pelo contrário. Apesar de o governador Requião ter marcado minha posse para o dia primeiro de abril, eu faço um governo de verdade e, no dia seguinte, estendi a mão ao senador Osmar Dias, que é meu amigo pessoal, para resolvermos o problema da dívida do Banestado”, disse, sem perder a oportunidade de dar uma estocada no ex-governador: “Em 28 dias resolvemos, coisa que o governo anterior não fez em sete anos e meio”.
Quando tudo parecia certo na continuidade da grande aliança com a rendição pedetista aos tucanos, começam novas especulações. O PT, que se negava a aceitar a colocar a sua estrela Gleisi Hoffmann na vice do senador Osmar Dias, parece que voltou atrás e já fala em mudar de opinião. Na quinta-feira (13), noticiou-se um encontro entre o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, com o senador Osmar Dias. O deputado federal Ângelo Vanhoni (PT), que participou do encontro garante que está tudo acertado e que o trabalho agora será para incluir o PMDB na aliança. O próximo passo é procurar Orlando Pessuti (PMDB). “Procuramos não estabelecer este ou aquele para candidatos majoritários. O primeiro passo é juntar todas as forças em um mesmo bloco”, explicou Vanhoni. Pelo twitter, o secretário nacional de comunicação petista, deputado federal André Vargas, que também participou do encontro, confirmou a sugestão de Gleisi Hoffmann ser candidata a vice-governadora na chapa encabeçada por Dias. É a metamorfose ambulante (como diria o presidente Lula) em ação. Neste caso, se a aliança entre PDT e PT se confirmar, maldosos de plantão dizem que restará provado que Osmar usou a “aproximação” com o PSDB, de novo, para pressionar o PT. Em política, tudo é possível, inclusive vaca tossir e boi voar.